sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Belos Pecados
Belos Pecados
Do instante que me dou ao desejo
Não rejeito, me entrego a volúpia
A um beijo etéreo.
Para super nutrir um momento
Orgasmo que abastece o viver.
Que no esquecer da consciência
Alimenta coração e corpo.
Que se descobre sublime.
Consigo feito.
Consigo ousado.
Usando seu ser
Que se deixou ir além.
Se descobre bem
Ao equilíbrio do mal nenhum
Desparadigmado a quem
Limite de ser
Quando todo desejo for por um...
Robson Anderson
Foto: Fendis
sexta-feira, 3 de agosto de 2007
Delícia
Delícia
A palavra delícia
Alicia meus sentidos
Acaricia sutil minha soberba.
Sobretudo transforma o sabor
Sobrepõe ao corpo a lascívia
Seduz em beleza preguiçosa.
Transporta ao paladar
Tudo o que é sensibilidade.
Deslizando suave luxúria
Profeciando selvagem utopia.
O gosto reverencia o sentimento
O gozo degusta emoções
O desejo lancina o paladar.
Salivando suma poesia
Em um ser que sobre tudo
Se deleita, se delicia
Ah, que Delícia!
(Robson Anderson)
A palavra delícia
Alicia meus sentidos
Acaricia sutil minha soberba.
Sobretudo transforma o sabor
Sobrepõe ao corpo a lascívia
Seduz em beleza preguiçosa.
Transporta ao paladar
Tudo o que é sensibilidade.
Deslizando suave luxúria
Profeciando selvagem utopia.
O gosto reverencia o sentimento
O gozo degusta emoções
O desejo lancina o paladar.
Salivando suma poesia
Em um ser que sobre tudo
Se deleita, se delicia
Ah, que Delícia!
(Robson Anderson)
*Foto: Amanda Com "Cor Morango"
sábado, 21 de julho de 2007
Conto: Olhos nos Olhos
Olhos nos Olhos
Esta noite eu te desejo... Vou me preparar toda para você... Eu sei que gosta de me ver limpa e cheirosa. Depois deste banho quente e demorado, serei tua... Estás bem a minha frente, como eu sempre desejei. Sinto teu cheiro, dos lençóis onde se deita e sonha. Ao se levantar sempre me olhas, me desejas e me encara penetrando em minha alma. Hoje compreendi o amor que podes me dar... Então vou me vestir especialmente para que me dispas. Vou colocar uma lingerie confortável e excitante. Que me faça meio mulher, meio menina, como me sinto tantas vezes, mas quero me sentir mulher pela tua imagem, que me dará prazer. Oscilo entre a dúvida das cores branca, vermelha ou preta, mas prefiro o branco para ressaltar minha própria candidez e dar um tom de leveza ao meu corpo. Visto uma camisola longa de seda, cor preta, pois quando me despir tirando a escuridão de mim me trará uma paz e prazer, que se encontrará na intimidade da cor do pouco que ainda me cobrirá a pele.
Me deparo com tua imagem, e te olho profundamente, admiro esta beleza que reflete em minha alma e no meu corpo que começa a se eriçar. Só de vislumbrar me sinto bem com a beleza do corpo que me olha também. Sinto a pele se arrepiar como se fosse frio, e os poros criam pontinhos protuberantes na pele, os bicos dos seios se enrijecem como dois diamantes levemente róseos, e sinto-me molhada onde mais desejo que me toques, com um pulsar lânguido, onde o corpo faz osmose com o desejo. E olhando profundamente, penetrando-me com os olhos, vejo que vens a mim como que saindo de um refugio ou uma prisão, rompendo barreiras para penetrar em minha pele, inicialmente acariciando-a com uma maciez experiente de quem sabe onde, como e quando tocar. Levemente encosta o dedo no lábio inferior, que seco é umedecido pelo leve encostar da língua, que logo avança, rodeia e percorre o dedo e os próprios lábios. Então a mão desbrava leve e suave por pontos de meu rosto, descendo pelo pescoço acaricia minha nuca, levanta e se crava por entre os cabelos, toca os ombros, desce mais e sente a maciez enrijecida de meus seios, brinca com meus mamilos, que quase se encontram com o pressionar da outra mão, que agora percorrem juntas meu abdome lateralmente, se encontram em minha barriga, se demoram acariciando o ventre, e descem rapidamente, as mãos acariciam minhas pernas, sentem minhas coxas, afagam meus joelhos, e lentamente sobem, como uma escada para que leva ao céu, mas encontrou na verdade o paraíso. Agora são os dedos que se atrevem, viajam, dançam. Lascivamente sinto como se aqueles dedos se derretessem, dentro de mim e junto de meu corpo, que já transpirava, e ofegava, pelos movimentos que eram hora lentos, hora rápidos, fortes, circulares e penetrantes... Eu estava por entre eles. Por entre os dedos sentia minha vida evaporar... Refletiam todo o meu desejo, e na imagem de quem me possuía senti-me completa. Não preciso de mais ninguém. Como já sofri, mas um dia tentarei novamente, porem por enquanto você me basta. E explodo num grito, que nem fiz questão de abafá-lo, pois aquele toque me conhecia tão bem e me que fez sentir a maior de todas as sensações que meu corpo jamais provara antes, fechei meus olhos e não mais o encarei, apenas senti meu corpo... Desfaleci ofegante com as mãos na parede e voltei a contemplá-lo. Profundamente eu me olhava. E me bateu uma angustia, uma sofreguidão em meu peito. E as lágrimas vieram...
A solidão dói... Mesmo que este espelho reflita a imagem, de quão bela eu sou, e o quanto esta alma que se re-reflete deseja amar, sentir e fazer o amor. Narcisista morrerei pela ambição de minhas próprias mãos solitárias. Eu preciso de um amor-ser de verdade. Parar de fantasiar, e sozinha me proporcionar prazer, que busco tão elementarmente perdida no meu egoísmo e também medo de amar, tentar, sofrer novamente. Sozinha não consigo viver, por mais que eu me sacie comigo mesma... Dou um beijo no espelho e novamente volto profundamente a olhá-lo. Então agradeço por me fazer entender que a minha imagem somente não basta...
(Robson Anderson)
*Conto publicado na coletânea “Cuento Gotas VII” de autores da América Latina.
Foto: A. Brito “Quarto Minguante”
Esta noite eu te desejo... Vou me preparar toda para você... Eu sei que gosta de me ver limpa e cheirosa. Depois deste banho quente e demorado, serei tua... Estás bem a minha frente, como eu sempre desejei. Sinto teu cheiro, dos lençóis onde se deita e sonha. Ao se levantar sempre me olhas, me desejas e me encara penetrando em minha alma. Hoje compreendi o amor que podes me dar... Então vou me vestir especialmente para que me dispas. Vou colocar uma lingerie confortável e excitante. Que me faça meio mulher, meio menina, como me sinto tantas vezes, mas quero me sentir mulher pela tua imagem, que me dará prazer. Oscilo entre a dúvida das cores branca, vermelha ou preta, mas prefiro o branco para ressaltar minha própria candidez e dar um tom de leveza ao meu corpo. Visto uma camisola longa de seda, cor preta, pois quando me despir tirando a escuridão de mim me trará uma paz e prazer, que se encontrará na intimidade da cor do pouco que ainda me cobrirá a pele.
Me deparo com tua imagem, e te olho profundamente, admiro esta beleza que reflete em minha alma e no meu corpo que começa a se eriçar. Só de vislumbrar me sinto bem com a beleza do corpo que me olha também. Sinto a pele se arrepiar como se fosse frio, e os poros criam pontinhos protuberantes na pele, os bicos dos seios se enrijecem como dois diamantes levemente róseos, e sinto-me molhada onde mais desejo que me toques, com um pulsar lânguido, onde o corpo faz osmose com o desejo. E olhando profundamente, penetrando-me com os olhos, vejo que vens a mim como que saindo de um refugio ou uma prisão, rompendo barreiras para penetrar em minha pele, inicialmente acariciando-a com uma maciez experiente de quem sabe onde, como e quando tocar. Levemente encosta o dedo no lábio inferior, que seco é umedecido pelo leve encostar da língua, que logo avança, rodeia e percorre o dedo e os próprios lábios. Então a mão desbrava leve e suave por pontos de meu rosto, descendo pelo pescoço acaricia minha nuca, levanta e se crava por entre os cabelos, toca os ombros, desce mais e sente a maciez enrijecida de meus seios, brinca com meus mamilos, que quase se encontram com o pressionar da outra mão, que agora percorrem juntas meu abdome lateralmente, se encontram em minha barriga, se demoram acariciando o ventre, e descem rapidamente, as mãos acariciam minhas pernas, sentem minhas coxas, afagam meus joelhos, e lentamente sobem, como uma escada para que leva ao céu, mas encontrou na verdade o paraíso. Agora são os dedos que se atrevem, viajam, dançam. Lascivamente sinto como se aqueles dedos se derretessem, dentro de mim e junto de meu corpo, que já transpirava, e ofegava, pelos movimentos que eram hora lentos, hora rápidos, fortes, circulares e penetrantes... Eu estava por entre eles. Por entre os dedos sentia minha vida evaporar... Refletiam todo o meu desejo, e na imagem de quem me possuía senti-me completa. Não preciso de mais ninguém. Como já sofri, mas um dia tentarei novamente, porem por enquanto você me basta. E explodo num grito, que nem fiz questão de abafá-lo, pois aquele toque me conhecia tão bem e me que fez sentir a maior de todas as sensações que meu corpo jamais provara antes, fechei meus olhos e não mais o encarei, apenas senti meu corpo... Desfaleci ofegante com as mãos na parede e voltei a contemplá-lo. Profundamente eu me olhava. E me bateu uma angustia, uma sofreguidão em meu peito. E as lágrimas vieram...
A solidão dói... Mesmo que este espelho reflita a imagem, de quão bela eu sou, e o quanto esta alma que se re-reflete deseja amar, sentir e fazer o amor. Narcisista morrerei pela ambição de minhas próprias mãos solitárias. Eu preciso de um amor-ser de verdade. Parar de fantasiar, e sozinha me proporcionar prazer, que busco tão elementarmente perdida no meu egoísmo e também medo de amar, tentar, sofrer novamente. Sozinha não consigo viver, por mais que eu me sacie comigo mesma... Dou um beijo no espelho e novamente volto profundamente a olhá-lo. Então agradeço por me fazer entender que a minha imagem somente não basta...
(Robson Anderson)
*Conto publicado na coletânea “Cuento Gotas VII” de autores da América Latina.
Foto: A. Brito “Quarto Minguante”
sábado, 14 de julho de 2007
Flor de Obsessão
Lençóis brancos
Lençóis brancos
Sob o súbito dos lençóis brancos
Soberbo suor no leito brando.
Brasa nas pernas que se entrelaçam
Entreatos afagos se lançam
Caminhos se formam no amassado dos lençóis
Prazeres na estrada que traçamos em nós.
Nus, livres nos braços um do outro
Outrora o amor era muito pouco...
Robson Anderson
Foto: Pascal
quinta-feira, 28 de junho de 2007
terça-feira, 26 de junho de 2007
Sexo é o Nexo do Eixo
Vulgívaga
Vulgívaga
Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!
Não sei entre que astutos dedos
Deixei a rosa da inocência.
Antes da minha pubescência
Sabia todos os segredos.
Fui de um... Fui de outro... Este era médico...
Um, poeta... Outro, nem sei mais!
Tive em meu leito enciclopédico
Todas as artes liberais.
Aos velhos dou o meu engulho.
Aos férvidos, o que os esfrie.
A artistas, a coquetterie.
Que inspira... E aos tímidos - o orgulho.
Estes, caçôo e depeno-os:
A canga fez-se para o boi...
Meu claro ventre nunca foi
De sonhadores e de ingênuos!
E todavia se o primeiro
Que encontro, fere a lira,
Amanso. Tudo se me tira.
Dou tudo. E mesmo... dou dinheiro...
Se bate, então como o estremeço!
Oh, a volúpia da pancada!
Dar-me entre lágrimas quebrada
Do seu colérico arremesso...
E o cio atroz se me não leva
A valhacoutos de canalhas,
É porque temo pela treva
O fio fino das navalhas...
Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!
(Manuel Bandeira)
*Poesia sugerida por Sarita
Foto: José Gama
(Manuel Bandeira)
*Poesia sugerida por Sarita
Foto: José Gama
sexta-feira, 22 de junho de 2007
Me Abraça/Me Engole
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Fada Safada
A Língua Lambe
A língua lambe
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.
(Carlos Drummond de Andrade)
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